Dormir bem é uma necessidade humana pra além de qualquer estilo de vida. Numa vida nômade, especialmente nos casos em que o movimento depende literalmente da força do seu corpo, ter uma boa noite de sono é fundamental. Imagine pedalar um dia inteiro e dormir mal ou mesmo nem dormir pra no dia seguinte pedalar mais um dia inteiro? Não dá. Talvez você aguente esse tranco por alguns dias, mas pode esquecer cruzar grandes distâncias sem conseguir um descanso digno.

Sendo assim, para montar seu sistema de dormir você precisa considerar principalmente os fatores geográficos e climáticos dos locais pra onde você pretende ir: frio ou calor? chuva ou seca? vento ou mosquitos? locais planos ou acidentados? À partir daí, há uma melhor noção de quais equipamentos serão necessários, pois não faz sentido levar um saco de dormir pra -40° pra cruzar o sertão nordestino, assim como você certamente morreria de frio se dependesse apenas de uma rede pra pernoitar na Patagônia.

 

 

 

Nós optamos pelo uso de barraca na grande maioria das noites. Elas protegem a nós e aos nossos equipamentos da chuva, além de nos dar certa privacidade, afinal, ela é a nossa casa. O ideal é que seja uma barraca leve e que aguente bastante chuva e vento. Vale dizer aqui que quando saímos pra essa viagem, em 2017, o único equipamento realmente bom no qual investimos foi na nossa barraca, justamente por ter consciência da necessidade de um descanso de qualidade. Eis as barracas que já tivemos, começando pela nossa atual casa:

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Naturehike Professional Series 3 - Barraca não tão leve mas que compensa pelas suas características, principalmente pela durabilidade. Construída com materiais resistentes (em especial a lona com tratamento pra proteção UV UPF 50, que além de deixar o interior da barraca mais fresco em dias de sol também aumenta a durabilidade da lona), é uma barraca feita para aguentar grandes aventuras. Sua estrutura é bem firme graças às varetas em Alumínio 7001 e em seu formato autoportante onde a barraca se sustenta sozinha sem a necessidade de estar fixada ao solo pelas estacas. Como essa é uma versão para 3 pessoas, acomoda perfeitamente duas pessoas com bastante bagagem, que é exatamente nosso caso. Ela tem duas portas e dois avanços, sendo que um deles é bem espaçoso enquanto no outro cabem apenas algumas pequenas coisas. Combinando o espaço dentro do quarto e do avanço maior, é mais que suficiente para acomodar confortavelmente a nós e a nossos equipamentos. Tem uma ótima resistência à chuva graças aos seus 3.000mm de coluna d'água e, graças à suas paredes em tela Mesh, tem uma ótima respirabilidade, sendo uma ótima barraca 3 estações.

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Azteq Nepal 2 - Barraca excelente para enfrentar chuvas e ventos fortes assim como para lugares quentes e úmidos já que ela possui uma extensa área telada que permite a passagem do ar. Com bastante espaço interno e externo para bagagens, ela comporta confortavelmente duas pessoas com bastante bagagem, tem duas portas e dois avanços. Por conta do seu formato aerodinâmico em sarcófago, não se sai muito bem naqueles dias de chuva em que se precisa ficar o tempo todo dentro da barraca. Um ponto negativo e que foi determinante para não continuarmos com esse modelo é que ela não é autoportante, ou seja: não fica montada sobre sua própria estrutura sem estar com as varetas cravadas no chão, o que muitas vezes pode significar uma noite mal dormida.

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Naturehike Mongar 2 - Barraca ultra leve e excelente para expedições nas quais é preciso levar muito peso em outros equipamentos/mantimentos. Aguenta bem chuvas e ventos, embora respingue um pouco para dentro do quarto em casos de chuvas fortes. Tem bastante espaço habitável em seu interior e tem uma ótima respirabilidade. É autoportante e tem duas portas e dois avanços, porém não comporta muita bagagem, sendo que esse foi o principal motivo que nos fez ir em busca de uma terceira barraca. Além disso, por conta de ser ultra leve ela é construída com materiais mais frágeis, sendo que não aparenta ter uma grande durabilidade.

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Outro item importante é um isolante térmico, que como o próprio nome sugere, tem por função evitar que nosso corpo perca calor para o chão e receba umidade do mesmo. Existem modelos super baratos e eficientes em EVA com revestimento laminado, porém esses não são muito confortáveis se usados sem algum tipo de colchonete. Existem também isolantes "casca de ovo", também em EVA com revestimento laminado e que são ligeiramente mais confortáveis, porém ainda fica a necessidade de algum colchonete.

Falando de colchonetes, existem diversas opções, sendo que as mais interessantes em questão de volume e peso são os infláveis ou auto-infláveis. Os colchonetes agregam bastante conforto e também auxiliam no isolamento térmico, uma vez que nos separam um pouco mais do chão. Nós utilizamos por bastante tempo modelos auto-infláveis da Quechua e Azteq, porém estes furavam com certa facilidade ou apresentavam problema de vazamento na válvula. Não duraram mais que um ano (com muita sorte). Atualmente usamos isolantes infláveis Naturehike FC-10, bastante confortáveis, mais leves e menores que os modelos auto-infláveis. Parecem ter uma durabilidade bacana mas ainda estamos em período de testes com eles. Importante lembrar que esses colchonetes infláveis e auto-infláveis são sensíveis a furos e, portanto, precisam ser protegidos de espinhos e coisas cortantes, motivo pelo qual é interessante utilizar junto de um isolante térmico desses simples, citados acima. 

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Como dito na introdução do assunto, é necessário estudar a região que se pretende visitar para a escolha adequada do equipamento. Nós enquanto viajamos pelo Brasil não utilizamos sacos de dormir, porém esse é um item que já está na nossa lista de compras para a subida dos Andes. Por aqui, nosso frio se resolve com cobertores simples que levamos e, eventualmente em noites de muito frio, dormimos usando algumas peças de roupas. Pensando nas noites muito quentes, uma boa solução é utilizar redes, pois são leves e muito mais fáceis de montar do que uma barraca com todo o sistema de dormir. Nós levamos uma rede com mosquiteiro da Guepardo, que cumpre muito bem a função e é pequena e leve.

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